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Ginecologia e Obstetricia

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Anomalia de Ebstein: conheça este defeito cardíaco raro

A anomalia de Ebstein é um defeito cardíaco congênito que se desenvolve durante a gestação.
MB
Dr. Matheus Beleza - Ginecologista e obstetra Atualizado em 15/10/2024

A anomalia de Ebstein é uma condição médica complexa que afeta o coração desde o desenvolvimento fetal. Caracterizada por uma malformação na válvula tricúspide, uma das quatro válvulas cardíacas, essa anomalia pode manifestar-se de diversas formas, desde casos leves até quadros mais graves que exigem intervenção médica imediata.

Anomalia de Ebstein: o que é?

A anomalia de Ebstein é um defeito cardíaco congênito que se desenvolve durante a gestação. Nessa condição, a válvula tricúspide, responsável por impedir o refluxo de sangue do ventrículo direito para o átrio direito, apresenta-se malformada e posicionada de forma inadequada. Essa alteração estrutural impede o funcionamento correto da válvula, comprometendo o fluxo sanguíneo e sobrecarregando o coração.

Embora a anomalia de Ebstein seja uma condição rara, sua complexidade e potencial para levar a complicações graves a tornam um assunto de grande importância no campo da cardiologia.

Causas da anomalia de Ebstein

A anomalia de Ebstein é geralmente uma condição congênita, o que significa que está presente desde o nascimento. A causa exata da malformação ainda não é completamente compreendida, mas se acredita que fatores genéticos desempenhem um papel importante.

Estudos sugerem que pode haver uma predisposição hereditária para a condição, embora a maioria dos casos ocorra esporadicamente sem uma história familiar conhecida.

Além dos fatores genéticos, a exposição a certos fatores ambientais durante a gravidez pode influenciar o desenvolvimento da anomalia de Ebstein. Alguns pesquisadores investigam a relação entre a exposição a substâncias tóxicas, infecções virais e deficiências nutricionais durante a gestação e o aumento do risco de defeitos cardíacos congênitos, incluindo a anomalia de Ebstein.

Sintomas

Os sintomas da anomalia de Ebstein podem variar amplamente, dependendo da gravidade da malformação -- extensão do deslocamento da válvula tricúspide e da quantidade de regurgitação do sangue para o átrio direito -- e da idade do paciente.

Em alguns casos, os sintomas podem estar presentes desde o nascimento, enquanto em outros, podem se manifestar apenas na idade adulta. A anomalia pode ser assintomática e descoberta incidentalmente durante exames para outras condições.

No entanto, muitos pacientes apresentam sintomas que podem incluir:

  • Cansaço fácil: devido à sobrecarga do coração, os pacientes com anomalia de Ebstein podem sentir fadiga excessiva mesmo com atividades leves.

  • Falta de ar: a dificuldade em bombear sangue para o corpo pode levar à falta de ar, especialmente durante o exercício físico.

  • Edema: o acúmulo de líquido nos membros inferiores pode causar inchaço, principalmente nos pés e tornozelos.

  • Palpitações: a percepção de batimentos cardíacos acelerados ou irregulares é um sintoma comum em pacientes com anomalia de Ebstein.

  • Cianose: em casos mais graves, a pele pode apresentar uma coloração azulada devido à baixa oxigenação do sangue.

Como é feito o diagnóstico da anomalia de Ebstein?

O diagnóstico da anomalia de Ebstein varia de acordo com a idade do paciente. Durante a gestação, a condição pode ser identificada através de uma ecocardiografia fetal, realizada por um obstetra, geralmente no segundo trimestre, para avaliar a estrutura e função do coração do feto. Essa técnica permite a detecção precoce da malformação da válvula tricúspide característica da anomalia de Ebstein.

O teste do coraçãozinho, ou oximetria de pulso, importante na detecção de algumas malformações cardíacas congênitas, não é específico nem suficientemente sensível para detectar a anomalia de Ebstein.

Já na infância, o diagnóstico é geralmente realizado se a criança apresentar sintomas como cianose, cansaço ao se alimentar ou desenvolvimento lento. O pediatra pode suspeitar da condição com base em sinais clínicos e confirmar o diagnóstico com um ecocardiograma, que visualiza o funcionamento do coração.

Na fase adulta, a anomalia de Ebstein pode ser descoberta incidentalmente durante exames cardíacos por outro motivo ou se o paciente desenvolver sintomas como arritmias, insuficiência cardíaca ou falta de ar. O diagnóstico também é confirmado com ecocardiografia, que detalha a anatomia e a função cardíaca.

Tratamentos para a anomalia de Ebstein

Se a anomalia de Ebstein for identificada durante a gestação, o obstetra geralmente encaminha a gestante para um cardiologista pediátrico para um acompanhamento mais especializado, planejamento do parto em um centro com suporte neonatal adequado e possíveis intervenções logo após o nascimento.

Já na infância ou fase adulta, o tratamento depende da gravidade dos sintomas e da função cardíaca. Em casos leves, onde os sintomas são mínimos ou inexistentes, o tratamento pode ser apenas o acompanhamento regular com um cardiologista para monitorar a condição. A chance de maior sobrevida ocorre apenas em casos leves.

Medicamentos podem ser prescritos para controlar sintomas como arritmias, insuficiência cardíaca ou para reduzir o excesso de líquidos no corpo.

Nos casos mais graves, onde há comprometimento significativo da função cardíaca, pode ser necessário realizar uma intervenção cirúrgica. As opções cirúrgicas incluem a reparação ou substituição da válvula tricúspide e, em alguns casos, a correção das conexões anormais entre as câmaras do coração. Em situações extremas, quando a função cardíaca está gravemente comprometida, o transplante de coração pode ser considerado.

A escolha do tratamento é individualizada e depende da idade do paciente, da gravidade da anomalia e da presença de outros problemas cardíacos.

Escrito por
MB

Dr. Matheus Beleza

Ginecologista e obstetra
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Dr. Matheus Beleza

Ginecologista e obstetra