A adenomiose é uma condição ginecológica que afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, embora possa ocorrer em qualquer idade. No Brasil, dados precisos sobre a prevalência da adenomiose são limitados, mas estima-se que afete entre 10% e 20% das mulheres em idade reprodutiva.
Esta condição, muitas vezes subdiagnosticada, pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, causando dor crônica e desconforto.
Adenomiose: o que é?
A adenomiose é uma condição na qual o tecido que reveste o útero, conhecido como endométrio, cresce no interior da parede muscular do útero, chamada miométrio.
Isso pode resultar em aumento do tamanho do útero, sangramento menstrual intenso, dor pélvica crônica e outros sintomas desconfortáveis.
Sintomas de adenomiose
A adenomiose pode causar aumento do útero e processo inflamatório, principalmente no período pré-menstrual e menstrual. Os sintomas variam de intensidade e nem sempre aparecem todos reunidos. Os mais comuns são:
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Cólica a inchaço abdominal, principalmente durante a menstruação, podendo durar semanas;
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Sangramento intenso e prolongado durante a menstruação e até entre os ciclos;
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Dor durante a relação sexual;
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Dor ao evacuar;
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Fadiga crônica;
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Hemorragia, em casos mais graves.
Em alguns casos, a adenomiose pode levar à infertilidade.
Tipos de adenomiose
Existem dois tipos principais de adenomiose: focal e difusa. Na adenomiose focal, o tecido endometrial invasivo está restrito a uma área específica do útero, enquanto na adenomiose difusa, o tecido endometrial invasivo está espalhado por uma área mais ampla do útero.
As causas exatas da adenomiose não são totalmente compreendidas, mas fatores como desequilíbrios hormonais, inflamação crônica e trauma uterino podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento.
Qual a relação entre a adenomiose e os miomas?
A adenomiose e os miomas uterinos são duas doenças ginecológicas que podem estar relacionadas. Ambas envolvem alterações no tecido uterino, podem causar sintomas semelhantes (como dor pélvica e sangramento menstrual anormal) e podem interferir com a fertilidade, dependendo da extensão da doença.
Os miomas são tumores benignos que se desenvolvem na camada muscular do útero. As mulheres com adenomiose têm maior risco de desenvolver miomas uterinos, e vice-versa.
Qual a relação entre a adenomiose e endometriose?
A endometriose e a adenomiose são duas condições ginecológicas distintas. A endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o interior do útero, cresce fora do útero, como nas trompas de Falópio, ovários e outros órgãos pélvicos. Já a adenomiose é caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial dentro da parede muscular do útero, conhecida como miométrio.
Embora sejam condições diferentes, a endometriose e a adenomiose podem coexistir em algumas mulheres, e estudos sugerem uma possível ligação entre elas. Além disso, ambas podem causar sintomas semelhantes, como dor pélvica crônica, cólicas menstruais intensas, sangramento menstrual anormal, desconforto durante a relação sexual e dificuldade para engravidar.
Como é feito o diagnóstico de adenomiose?
O diagnóstico de adenomiose pode ser desafiador devido à sobreposição de sintomas com outras condições ginecológicas, como miomas uterinos, endometriose e pólipo endometrial.
O médico pode realizar uma combinação de exames para avaliar os sintomas e confirmar o diagnóstico. Os principais são:
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Exame pélvico;
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Ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética: em ambos os exames, quando há adenomiose, são observadas alterações no tecido uterino que está em volta do endométrio/cavidade uterina.
Pode-se ainda verificar a presença de endometriose em outros exames habitualmente solicitados durante a pesquisa de fatores de infertilidade, como a histerossalpingografia e a histeroscopia diagnóstica.
Tratamento para a adenomiose
O tratamento depende da severidade dos sintomas, da idade da mulher e do desejo de engravidar. E ele pode incluir analgésicos para aliviar a dor e controlar sintomas e o uso de progesterona para diminuir o sangramento e a evolução da doença. Este hormônio pode ser administrado de forma oral, por implantes subcutâneos ou através do DIU hormonal.
Quando o tratamento clínico não traz os resultados esperados, pode ser indicada a embolização uterina, tanto em casos de adenomiose focal quanto difusa. O procedimento é minimamente invasivo: pequenas partículas são injetadas nas artérias que irrigam o útero, bloqueando o fluxo sanguíneo para os focos de adenomiose.
Isso leva à degeneração desses tecidos e redução dos sintomas, como dor pélvica e sangramento intenso. A embolização uterina é uma alternativa à cirurgia tradicional, como a histerectomia, e pode ser uma opção para mulheres que desejam preservar o útero.
A histerectomia, que é a remoção cirúrgica do útero, pode ser considerada quando outras formas de tratamento não foram eficazes em controlar os sintomas e estes são graves e impactantes na qualidade de vida da paciente, como dor pélvica crônica incapacitante, sangramento menstrual excessivo que não responde a outras terapias, ou quando a adenomiose está associada a outras condições uterinas, como miomas uterinos.
Além disso, a histerectomia pode ser recomendada para mulheres que não desejam mais ter filhos e que não respondem a outras opções de tratamento menos invasivas.
No entanto, é importante que a decisão de realizar uma histerectomia seja cuidadosamente discutida entre a paciente e seu médico, considerando os benefícios, riscos e impactos físicos e emocionais da cirurgia, bem como as alternativas de tratamento disponíveis.