A medicina fetal tem um papel fundamental para a gravidez, período muito especial que requer cuidados importantes e acompanhamento específico tanto da gestante como do feto em crescimento. O objetivo dos exames de pré-natal é diagnosticar, prever possíveis riscos e tratar complicações que possam surgir para ambos. Desse modo, esse acompanhamento representa mais segurança e tranquilidade para a gestação.
A forma de atuação dessa especialidade médica pode ser preventiva – por meio da realização de exames de imagem e laboratoriais para a análise de alterações anatômicas e cromossômicas e da presença de infecções no feto – e pela indicação de medicamentos, com o intuito de diminuir os riscos de más-formações fetais. Dessa forma, toda gestante pode se beneficiar do acompanhamento da medicina fetal, em especial nos casos de gravidez acima dos 35 anos, pois, a partir dessa idade, aumentam significativamente os riscos de quadros como pré-eclâmpsia, por exemplo.
O Dr. Matheus Beleza, coordenador do Setor de Medicina Materno-fetal da Maternidade Brasília, reforça: “O pré-natal é um recurso insubstituível nos cuidados com a saúde da mãe e do feto durante a gestação, pois nos permite rastrear, diagnosticar e, muitas vezes, tratar, em tempo hábil, possíveis alterações que possam prejudicar o bem-estar materno-fetal e o desenvolvimento da gestação”, explica.
Além disso, o médico acrescenta: “Ainda que a pandemia cause insegurança nos pais com relação à ida às consultas, é o obstetra, durante o pré-natal, que vai orientar sobre os cuidados necessários, os exames fundamentais e as condutas importantes para garantir a saúde da mãe e do feto em desenvolvimento.”.
As unidades de saúde que continuam acompanhando gestantes durante a pandemia estão tomando as medidas necessárias de higiene e diminuição da circulação de pessoas, já que não atendem nenhum paciente com sintomas gripais. Dessa maneira, é possível reduzir ao máximo os níveis de contágio de Covid-19, tornando segura a ida às consultas.
Para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, as gestantes devem seguir os mesmos cuidados da população em geral, como usar máscara e álcool 70% e evitar a aglomeração de pessoas. Além disso, o número de acompanhantes nas consultas está limitado a uma pessoa, e aquelas pacientes com sintomas de gripe devem remarcar suas consultas.
Benefícios do acompanhamento pela medicina fetal
Conheça as vantagens que essa área da medicina oferece.
– Avalia possíveis defeitos congênitos e distúrbios genéticos, por meio de testes não invasivos, como o exame morfológico de primeiro trimestre, ou invasivos, como a análise do líquido amniótico, do sangue do cordão umbilical ou de vilosidades coriônicas (CVS).
– Acompanha problemas de saúde que a mãe possa ter, como diabetes gestacional e pressão alta.
– Monitora questões de saúde da mãe depois do parto, como a cicatriz uterina e o retorno do útero às condições normais.
– Controla possíveis complicações durante a gestação e programação do parto.
– Analisa o desenvolvimento e o bem-estar do bebê, por meio de exames como o ultrassom.
– Diagnostica alterações de compatibilidade entre o sangue da mãe e o do bebê, rastreia problemas cardíacos no feto e, em casos específicos, realiza cirurgias ainda dentro do útero.
Exames realizados pela medicina fetal
Os exames específicos de diagnóstico por imagem deixam a gestante mais segura durante toda a gravidez, pois, dessa forma, ela terá informações precisas sobre o desenvolvimento do bebê e a própria saúde, além de sentir o cuidado em todas as etapas até a chegada do neném, no momento do parto.
Conheça os exames realizados
- Ecocardiograma fetal – exame de imagem que usa ondas sonoras de alta frequência para avaliar a saúde do coração do bebê.
- US obstétrica ou gestacional (com ou sem doppler) – acompanha o desenvolvimento do bebê durante a gestação, permitindo o diagnóstico de possíveis más-formações fetais e alterações do fluxo de sangue para o bebê, e supervisiona a gestação de gêmeos.
- US transvaginal (com ou sem doppler) – exame que gera imagens nítidas do útero, das trompas e da vagina, o que possibilita uma avaliação cuidadosa do início da gestação e rastreia o parto prematuro.
- US obstétrica morfológica de 1º e 2º trimestre – por meio desse exame é possível avaliar o risco de alterações anatômicas compatíveis com síndromes, como a síndrome de Down.
Ultrassom com doppler
Entre os exames realizados, todos de suma importância, hoje vamos destacar o ultrassom com doppler obstétrico. Ele é um dos recursos disponíveis para a avaliação fetal em casos de gestação com risco de insuficiência placentária. Além dele, a avaliação da movimentação fetal – chamada de mobilograma –, a cardiotocografia e o perfil biofísico fetal também são opções capazes de verificar o bem-estar fetal.
A tecnologia doppler está presente nos equipamentos de ultrassonografia para a avaliação do fluxo sanguíneo materno e fetal, conferindo informações importantes sobre a saúde do bebê.
Segundo o Dr. Matheus Beleza, coordenador do Setor de Medicina Materno-fetal da Maternidade Brasília: “O ultrassom com doppler é um exame complementar à ultrassonografia usada para medir o peso e avaliar o líquido amniótico e a anatomia do bebê. Trata-se, portanto, de um recurso que permite verificar o fluxo de sangue para o bebê, avaliando, assim, seu bem-estar”, explica.
O médico acrescenta ainda a importância de outros exames, como a ultrassonografia morfológica, a cardiotocografia e os exames laboratoriais. “Além destes, podemos citar os exames invasivos, que analisam uma amostra de células fetais para a realização de testes genéticos ou o diagnóstico de infecções.”
Exames genéticos
Além dos exames de imagem, os especialistas em Medicina Materno-fetal também podem solicitar, caso haja indicação clínica, a realização de exames genéticos para confirmar um diagnóstico. Um exemplo desses exames é o NIPT (do inglês, Non-Invasive Prenatal Testing). Trata-se de um teste genético pré-natal não invasivo, que avalia o DNA do bebê. Este exame fornece informações sobre a probabilidade de o bebê ter determinadas condições genéticas, como Síndrome de Down, além de indicar o sexo do bebê (opcional).
Durante a gestação, uma fração de DNA do bebê passa da placenta para a corrente sanguínea da mãe. Esta fração de DNA, chamada Fração Fetal, carrega as informações genéticas do feto. Desta forma, com uma simples amostra de sangue materno, é possível realizar o estudo do DNA do bebê.
O exame NIPT Panorama é capaz de sequenciar este DNA e rastrear as principais alterações cromossômicas que podem afetar a saúde do bebê, como Síndrome de Down, triploidias e microdeleções.
O NIPT Panorama é realizado através de uma simples coleta de sangue e, por isso, não é invasivo e não apresenta risco, nem para a mãe e nem para o bebê. Pode ser realizado a partir de nove semanas completas de gestação, contadas a partir da data da última menstruação.
Este teste costuma ser indicado para todas as mulheres grávidas, principalmente as gestantes de risco: idade materna maior que 35 anos, resultado anormal na triagem bioquímica ou no ultrassom, histórico familiar de alterações cromossômicas.
A Dasa, rede de saúde integrada da qual a Maternidade Brasília faz parte, oferece o NIPT Panorama, teste Pré-natal não invasivo, e outros exames genéticos importantes para a Medicina Materno-fetal. Tais testes são realizados pelo Laboratório Exame juntamente com a GeneOne, laboratório de genômica especializado em medicina personalizada.
Para finalizar, Dr. Matheus reforça que “a medicina materno-fetal trabalha em conjunto com os obstetras, a fim de otimizar o rastreamento de doenças durante a gestação, assim como prepara a equipe e os recursos adequados para aqueles fetos e as mães que necessitam de atenção especial por algum motivo”.