A paciente deve fazer terapia de reposição hormonal após a cirurgia, sempre com recomendação e orientação médica
Embora pouco conhecido por seu nome técnico, a ooforectomia é a cirurgia feita para a remoção de um ou ambos os ovários em mulheres. Dados da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) indicam que, anualmente, são realizadas cerca de 107 mil ooforectomias no Brasil.
Seja como medida preventiva ou terapêutica, a cirurgia pode impactar significativamente a vida da paciente, exigindo cuidados específicos antes e após o procedimento.
Ooforectomia: o que é?
A ooforectomia é uma cirurgia que consiste na retirada de um ou ambos os ovários, que são as estruturas responsáveis pela produção de óvulos e hormônios, como estrogênio e progesterona, no corpo feminino.
Na maioria dos casos, a cirurgia de ooforectomia é realizada por via laparoscópica, que utiliza instrumentos menores, requer incisões pequenas e tem tempo de recuperação menor. Caso não seja possível, ela é feita por meio de uma pequena incisão no abdômen.
Vale dizer que, em alguns casos, a ooforectomia pode ser realizada junto à remoção do útero, um procedimento chamado de histerectomia.
Quando a ooforectomia é indicada?
A ooforectomia pode ser indicada tanto para prevenção como tratamento de condições de saúde. Entre elas, podemos destacar:
. Doenças ovarianas: a presença de cistos grandes (condição diferente da síndrome do ovário policístico), endometriose severa ou tumores pode exigir a remoção de um ou ambos os ovários.
. Câncer: nos casos de câncer de ovário, a cirurgia é essencial para conter a progressão da doença. Além disso, mulheres com alto risco genético, como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, podem optar pela ooforectomia preventiva.
. Torção ovariana: a rotação do ovário pode cortar o suprimento de sangue e é considerada uma emergência médica que pode levar à necessidade de remoção do órgão.
. Infecções graves: em casos de inflamações ou infecções que não respondem a outros tratamentos, a cirurgia pode ser necessária.
No entanto, nos casos de cistos ovarianos, infecções graves e torção ovariana, é importante reforçar que nem sempre será necessária a remoção do órgão --ao contrário, em muitos casos, não será preciso. Atualmente, é preconizado pelos médicos que seja feito todo o possível para manter o ovário e, assim, evitar o impacto que essa remoção teria na saúde e na fertilidade da paciente.
Tipos de ooforectomia
Há dois tipos de ooforectomia:
Ooforectomia unilateral
Como o próprio nome já diz, a oofectomia unilateral ocorre quando apenas um ovário é removido. Geralmente é feita quando o problema de saúde está restrito a um único ovário, como cistos ou tumores localizados.
O impacto da ooforectomia unilateral é geralmente menor, já que o ovário remanescente pode continuar a produzir hormônios e óvulos. Isso significa que, em muitos casos, a fertilidade e o equilíbrio hormonal da paciente permanecem relativamente preservados.
Ooforectomia bilateral
Na oofectomia bilateral, ambos ovários da mulher são removidos na cirurgia. Esse procedimento é mais comum em cenários de risco elevado, como em casos de câncer ou prevenção para pacientes com predisposição genética à doença.
Neste caso, a paciente perde a capacidade de produzir estrogênio e progesterona, entrando imediatamente no que os médicos chamam de menopausa cirúrgica. Por isso, pacientes que passam por esse procedimento devem fazer acompanhamento médico para lidar com os sintomas e os impactos a longo prazo, como a perda de densidade óssea e alterações cardiovasculares.
Como é o preparo para a ooforectomia?
O preparo para a ooforectomia começa com uma avaliação médica completa, incluindo exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, e testes laboratoriais.
Além disso, o procedimento é considerado uma cirurgia. Por isso, o preparo inclui:
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Jejum pré-operatório: normalmente, é solicitado jejum de oito horas para alimentos em geral e duas horas para água e líquidos antes da cirurgia por causa da anestesia.
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Suspensão de medicamentos: alguns medicamentos devem ser suspensos antes da cirurgia para evitar complicações. No entanto, isso só deve ser feito após orientação e recomendação médica.
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Avaliação com especialistas: é importante realizar uma avaliação antes da cirurgia com o médico anestesista. Em alguns casos, há a indicação de fazer essa avaliação também com o cardiologista.
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Avaliação de fertilidade: antes da cirurgia de ovário, também é importante fazer uma avaliação da reserva ovariana da paciente e conversar com o médico sobre o desejo ou não de ter filhos.
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Orientações psicológicas: como o procedimento pode trazer impactos importantes (como infertilidade e menopausa precoce) em muitas mulheres, o suporte psicológico pode ser importante para lidar com as questões que virão no pós-operatório.
Como é a recuperação da ooforectomia?
O tempo de recuperação depende da forma como a cirurgia foi realizada e da extensão (unilateral ou bilateral). No caso da cirurgia por laparoscopia, a recuperação tende a ser mais rápida, com retorno às atividades normais em cerca de duas semanas. Já na cirurgia aberta, esse período pode se estender para cerca de quatro a seis semanas.
Durante o pós-operatório, é comum sentir algum desconforto ou dor na região abdominal, o que pode ser aliviado com o uso de analgésicos. Recomenda-se evitar esforços físicos intensos nos primeiros dias e só voltar à atividade física após liberação médica.
Como a ooforectomia impacta a produção hormonal da mulher?
Como falamos anteriormente, a remoção dos ovários tem impacto na produção de estrogênio e progesterona, os dois hormônios produzidos por esses órgãos.
Quando um único ovário é removido, o ovário restante pode compensar essa produção. No entanto, na ooforectomia bilateral, a produção hormonal é completamente interrompida, levando a mulher à chamada menopausa cirúrgica ou menopausa precoce.
A ausência de estrogênio pode causar sintomas como:
. Ondas de calor (fogachos);
. Alterações no humor;
. Redução da libido;
. Ressecamento vaginal.
Além disso, o déficit hormonal pode levar a consequências de longo prazo, como maior risco de osteoporose. Por isso, a depender da idade da mulher, a recomendação é de que a paciente faça terapia de reposição hormonal (TRH) após a cirurgia (no caso da remoção dos dois ovários) -- sempre com recomendação e orientação médica especializada.