A detecção precoce é fundamental para evitar complicações mais sérias
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma condição médica caracterizada por inflamação dos órgãos reprodutivos femininos, incluindo o útero, tubas uterinas e/ou ovários. O quadro é frequentemente associado a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e a falta de diagnóstico precoce e tratamento adequado pode levar a sequelas permanentes, como a infertilidade.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP): o que é?
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infecção que afeta os órgãos reprodutores femininos, incluindo o útero, tubas uterinas e/ou ovários. Ela ocorre principalmente em mulheres sexualmente ativas, especialmente naquelas em idade fértil, entre 15 e 44 anos.
A principal causa da DIP é a infecção bacteriana ascendente, em boa parte dos casos decorrente de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como clamídia e gonorreia. Quando essas infecções não são tratadas, as bactérias podem se espalhar para os órgãos pélvicos, causando a inflamação característica da doença. Por isso, a DIP também costuma ser mais comum entre mulheres com histórico de ISTs.
Vale lembrar que a DIP pode causar casos mais graves como a sepse de foco genital, ou caso mais leves como a uretrite ou a endometrite. A uretrite também pode ocorrer em homens e gera ardor ao urinar e outros sintomas ou complicações do sistema genital masculino.
Como ocorre a transmissão da Doença Inflamatória Pélvica?
A Doença Inflamatória Pélvica é geralmente transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas com indivíduos infectados por ISTs. Quando essas infecções não são tratadas, as bactérias podem subir do colo do útero para os órgãos reprodutivos, causando inflamação e infecção.
Diversas ISTs podem desencadear a Doença Inflamatória Pélvica, especialmente quando não tratadas a tempo, mas as mais comuns são a Clamídia (causada pela bactéria Chlamydia trachomatis) e a Gonorreia (causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae). Ambas podem ser assintomáticas, especialmente em estágios iniciais.
Embora menos comum, outras infecções bacterianas, como as causadas por Mycoplasma genitalium, podem contribuir para a condição.
Outras situações podem introduzir bactérias na cavidade pélvica, como a inserção de DIU (principalmente nas três primeiras semanas após o implante), abortos/curetagens e partos vaginais (em casos de higiene inadequada ou infecção prévia não tratada).
Vale lembrar que o uso frequente de duchas higiênicas íntimas pode alterar a flora vaginal natural e facilitar a entrada de bactérias nocivas, aumentando o risco de DIP. Embora seja uma causa pouco usual, pode ocorrer infecção hematogenica (pela corrente sanguínea) nos casos mais graves.
Formas de prevenir
A prevenção da Doença Inflamatória Pélvica está diretamente ligada à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis. Por isso, a principal medida seria o uso de preservativos nas relações sexuais. Exames regulares são úteis para detectar infecções como clamídia e gonorreia (mesmo na ausência de sintomas), permitindo o tratamento de forma precoce.
Além disso, é importante seguir as orientações médicas após cirurgias ou inserção de DIU para evitar infecções.
Quais são os sintomas da Doença Inflamatória Pélvica?
Os sintomas da Doença Inflamatória Pélvica podem variar de leves a graves, e em alguns casos, a condição pode ser assintomática, o que dificulta o diagnóstico precoce. Entre os sintomas mais comuns estão:
· Dor na parte inferior do abdômen e pélvis
· Corrimento vaginal anormal com odor desagradável
· Sangramento menstrual irregular
· Dor durante a relação sexual
· Febre e calafrios
· Dor ao urinar
O avanço da DIP pode levar a complicações?
Em casos mais avançados, a DIP pode levar a complicações graves, como:
· Abscessos pélvicos: o acúmulo de pus nos órgãos pélvicos pode requerer intervenção cirúrgica.
· Infertilidade: danos nas tubas uterinas que podem impedir a fertilização do óvulo.
· Dor pélvica crônica: a inflamação prolongada pode causar dor persistente.
· Gravidez ectópica: a tuba uterina doente impede a mobilização do óvulo e/ou o zigoto atinjam a cavidade uterina. Assim, o embrião é implantado fora do útero. O quadro é considerado uma urgência médica podendo necessitar até mesmo de cirurgia.
Qual médico devo procurar?
Para tratar a Doença Inflamatória Pélvica, a recomendação é consultar um ginecologista, que é o especialista em saúde feminina e doenças do aparelho reprodutor. Em casos de complicações graves, como abscessos pélvicos, pode ser necessário acompanhamento de um cirurgião ginecológico.
Como é o diagnóstico da Doença Inflamatória Pélvica?
O diagnóstico da Doença Inflamatória Pélvica é baseado principalmente no exame ginecológico (para verificar dor e sensibilidade nos órgãos reprodutores), no relato da paciente e no histórico de IST's. Exames de laboratório também podem ser solicitados para identificar a presença de clamídia, gonorreia e outras infecções.
Eventualmente, o médico pode solicitar um ultrassom pélvico para visualizar a inflamação e possíveis abscessos nos órgãos reprodutores.
Exames complementares, como a ressonância magnética de pelve, podem ser solicitados em casos graves ou quando os sintomas não melhoram com o tratamento inicial. A cirurgia ginecológica é indicada em alguns casos refratários e pode ser laparotomica (convencional aberta) ou uma laparoscopia (por vídeo) Esse procedimento permite que o médico visualize diretamente os órgãos pélvicos e obtenha culturas para análise e drenagem de abscessos ou infecções persistentes.
Tratamentos para a Doença Inflamatória Pélvica
O tratamento mais comum e efetivo para a Doença Inflamatória Pélvica é o uso de antibióticos de largo espectro para combater as bactérias causadoras da infecção. Em casos leves, o tratamento pode ser feito em casa com medicamentos orais. Mas, se os sintomas forem graves ou persistirem, a internação hospitalar pode ser necessária para administração de antibióticos intravenosos.
Quando o tratamento inicial não é eficaz, ou em casos de complicações, como abscessos pélvicos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para drenar o pus ou remover tecidos danificados.
Além do tratamento medicamentoso, é importante que o parceiro sexual também seja avaliado e tratado para evitar a reinfecção. Durante o tratamento, deve-se evitar relações sexuais até a cura completa.