Ao iniciar uma gestação, o corpo da mulher passa por muitas mudanças, isso é um processo natural para que o bebê possa se desenvolver. Nesse período, uma das mudanças que acontece no organismo é no funcionamento do sistema cardiovascular.
Durante a gravidez, pode haver um aumento de, em média, 40% do bombeamento de sangue pelo coração. Mas, apesar disso, aos poucos, o corpo da mulher irá se adaptar a esse maior fluxo sanguíneo.
Embora na maior parte das mulheres aconteça essa adaptação, em algumas gestantes pode ocorrer também uma sobrecarrega no coração, e isso, revelar algumas doenças cardíacas preexistentes. Já que a cardiopatia incide em aproximadamente 4% das gestantes.
No entanto, com o avanço da medicina e o aumento dos métodos diagnósticos e terapêuticos, é possível acompanhar e tratar as doenças cardiovasculares mesmo durante a gestação.
Nessa edição vamos falar mais detalhadamente sobre esse assunto. Aqui você poderá saber quais as principais doenças cardíacas que podem surgir na gestação e quais os cuidados para proteger a saúde do órgão. Para explicar sobre o tema, convidamos o Dr. Rodrigo Biondi, intensivista e coordenador da UTI materna da Maternidade Brasília e a Dra. Andrea Alexandra da Silva, cardiologista e plantonista da mesma UTI. Confira!
Principais doenças cardíacas na gravidez
Uma avaliação da saúde cardiovascular da mulher, que inclua a análise de histórico clínico e exames, é fundamental para detectar doenças no coração o quanto antes. Isso porque, sintomas comuns à gravidez como, por exemplo, inchaço nas pernas, palpitação e cansaço podem ser diagnosticados como doenças cardíacas e, assim, um tratamento adequado é iniciado.
Entre os principais problemas cardíacos que podem ocorrer na gestação estão:
▪Infarto;
▪Hipertensão;
▪Cardiomiopatia periparto (do último mês da gestação até seis meses após o parto, que é o período para o corpo da mãe retornar ao estado pré-gestação);
▪Descompensação das cardiopatias congênitas;
▪Descompensação das doenças orovalvares adquiridas;
▪Dissecção aórtica;
Conforme explicam os médicos Dr. Rodrigo Biondi e Dra. Andrea Alexandra, “no Brasil, a doença reumática é a causa mais frequente de cardiopatia durante a gravidez, com incidência estimada em 50%. Além de cardiopatia congênita, cardiopatia periparto, cardiomiopatias, cardiopatia isquêmica, dislipidemia (gordura no sangue), síndrome hipertensiva, doença a aorta, arritmias".
Principais fatores de risco e sintomas
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Entre os fatores de risco mais comuns que podem levar ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, seja durante a gestação ou em outro período da vida, estão:
▪Estresse;
▪Alimentação inadequada;
▪Obesidade.
Os motivos listados podem desencadear doenças cujos sintomas mais comuns são: falta de ar, fadiga, edemas periféricos e palpitações. Esses sinais precisam ser avaliados por um médico para um diagnóstico correto.
Cuidados na gestação
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Sabendo da importância de uma atenção especial à saúde do coração, agora é a hora de começar ou continuar a proteger essa área. Por isso, vamos listar alguns hábitos que beneficiam o sistema cardiovascular das mulheres em qualquer fase da vida. E, na gravidez, particularmente, prepara também para o pós-parto. Confira as dicas:
▪Pratique atividade física com orientação médica;
▪Mantenha uma alimentação equilibrada;
▪Tenha momentos de lazer e relaxamento;
▪Faça acompanhamento com médico cardiologista.
Esse acompanhamento com o cardiologista, em especial, é primordial para quem já tenha alguma doença cardiovascular. Mas também deve ser feito como forma preventiva. É recomendado para mulheres com mais idade, com histórico de hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, sedentarismo e obesidade – que são fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Hoje, as mulheres cardiopatas têm maior expectativa e qualidade de vida, o que lhes proporciona mais coragem, entusiasmo, desejo à maternidade e segurança de uma gravidez com menor risco.
De acordo com os médicos, para proteger a mulher durante gravidez, “a primeira coisa a se fazer é o planejamento familiar, com acompanhamento e estratificação do risco materno e o conhecimento das mudanças fisiológicas do ciclo gravídico puerperal. Isso é fundamental para a conduta durante a gestação".
Maternidade Brasília
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A UTI Materna da Maternidade Brasília oferece suporte médico e multidisciplinar para detectar e corrigir essas alterações relacionadas à cardiopatia nas puérperas e mais rapidamente fazer o diagnóstico das compensações.
De acordo com os Drs. Rodrigo Biondi e Andrea Alexandra: “a unidade é muito mais humanizada, pelo fato de não ser um hospital geral. Além disso, permite a presença de acompanhante, com leito próprio e todos os cuidados contra infecções, o que possibilita mais proximidade com o bebê", explicam.